Ao longo da história da Igreja, várias heresias desafiaram a verdade bíblica sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo. Entre elas, o gnosticismo e o docetismo destacam-se por negarem aspectos fundamentais da encarnação e da humanidade de Cristo. Hoje, as Testemunhas de Jeová perpetuam ecos dessas antigas heresias, apresentando uma visão que desvia da sã doutrina cristã. Este artigo explora como as crenças das Testemunhas de Jeová estão relacionadas ao gnosticismo e ao docetismo e como essas doutrinas comprometem a mensagem do evangelho.

O que foi o Gnosticismo e o Docetismo?

O gnosticismo foi uma das primeiras grandes ameaças à religião cristã. Era um sistema religioso e filosófico que floresceu nos primeiros séculos do cristianismo e ensinava que o mundo material é inerentemente mau, criado por um deus inferior. Isso os levou a negar que Jesus, sendo divino, poderia realmente assumir um corpo humano.

Embora as Testemunhas de Jeová não compartilhem diretamente dessa visão sobre o mal inerente à matéria, sua negação da plena encarnação de Deus em Jesus ecoa o gnosticismo. Assim como os gnósticos viam Cristo como um intermediário espiritual, as Testemunhas de Jeová rebaixam Jesus a um ser criado, afastando-se da doutrina bíblica que afirma sua coigualdade e coeternidade com o Pai (João 10:30; Colossenses 2:9).

O docetismo, uma variante do gnosticismo, negava que Jesus tivesse um corpo humano verdadeiro. Segundo essa heresia, Ele apenas "parecia" ser humano, mas era completamente espiritual. Para os docetistas, o corpo de Cristo era uma ilusão, já que a verdadeira divindade não poderia habitar algo tão corruptível quanto a carne.

As Testemunhas de Jeová não negam diretamente que Jesus tenha tido um corpo humano, mas sua visão de que Ele foi apenas uma criatura poderosa enviada por Deus reflete um desprezo pela encarnação em termos ortodoxos. Além disso, a negação de sua ressurreição corporal está em linha com a ideia docetista de que o corpo não é essencial à identidade de Cristo.

A visão das Testemunhas de Jeová sobre Jesus Cristo

As Testemunhas de Jeová negam a plena divindade de Jesus Cristo, ensinando que Ele é um ser criado, identificado como o "primogênito de toda criação" (Colossenses 1:15, na Tradução do Novo Mundo). Elas afirmam que Jesus é o arcanjo Miguel, uma criatura poderosa, mas distinta de Jeová Deus. Essa doutrina é reforçada por uma alteração deliberada no texto de João 1:1 em sua tradução bíblica. Enquanto as traduções ortodoxas afirmam: “E o Verbo era Deus”, a Tradução do Novo Mundo insere o artigo indefinido, traduzindo como: “E o Verbo era um deus.” Essa mudança é usada para justificar a crença de que Jesus não é coigual com Jeová, mas um ser inferior. Essa negação da coigualdade de Jesus com Jeová reflete o pensamento gnóstico de um mediador espiritual inferior. Além disso, as Testemunhas de Jeová rejeitam a doutrina da Trindade, considerando-a uma invenção posterior. Para elas, o Espírito Santo não é uma pessoa, mas uma “força ativa” de Deus.

Ainda seguindo as ideias gnósticas e docetistas, as Testemunhas de Jeová acreditam que Jesus foi ressuscitado como um ser espiritual, e não em um corpo físico. Elas baseiam essa doutrina em textos como 1 Pedro 3:18: “Foi morto na carne, mas vivificado no espírito.” Para elas, isso significa que Jesus abandonou seu corpo humano e foi recriado como um ser espiritual. Também usam 1 Coríntios 15:50 (“a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”) para justificar essa posição.

No entanto, essa interpretação ignora passagens claras que enfatizam a ressurreição corporal de Cristo. Em Lucas 24:39, Jesus diz: “Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho.” Além disso, em João 20:27, Ele convida Tomé a tocar em suas feridas, provando que havia ressuscitado fisicamente.

Refutação Bíblica e Doutrina Cristã

A doutrina cristã ortodoxa ensina que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem (João 1:1, 14; Filipenses 2:6-7). Ele assumiu um corpo humano para cumprir a obra redentora na cruz, e sua ressurreição foi tanto espiritual quanto física. Após a ressurreição, Ele apareceu aos discípulos, convidando-os a tocar em suas feridas e mostrando que tinha carne e ossos (Lucas 24:39; João 20:27).

A ideia de que Jesus foi ressuscitado apenas como um ser espiritual contradiz diretamente esses textos. A ressurreição corporal de Cristo é central à fé cristã, pois é um penhor da nossa própria ressurreição futura (1 Coríntios 15:20-22).

Negar a plena divindade e humanidade de Cristo compromete a mensagem do evangelho. Sem um Salvador plenamente Deus e plenamente homem, a redenção torna-se impossível. Apenas alguém divino poderia oferecer um sacrifício perfeito, e apenas alguém humano poderia tomar o lugar da humanidade. Além disso, a negação da ressurreição corporal de Jesus mina a esperança cristã na ressurreição futura e eterna.

1 Coríntios 15:20-22
20. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.
21. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.
22. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.

Como cristãos, somos chamados a defender a verdade da encarnação e ressurreição de Cristo, proclamando que Ele é "o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6) e que "em nenhum outro há salvação" (Atos 4:12).

Conclusão

As doutrinas das Testemunhas de Jeová, embora apresentem um verniz de cristianismo, refletem antigas heresias como o gnosticismo e o docetismo, desviando-se da verdade bíblica sobre Jesus Cristo. Cabe à Igreja proclamar com firmeza a verdade da encarnação, morte e ressurreição de Cristo, combatendo falsos ensinamentos com a autoridade da Palavra de Deus.